Fernando Pessoa
Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo,
Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo,
Vejo ninfas e faunos entremear
As árvores que fazem sombra ou medo
E os ramos que sussurram de eu olhar.
Mas que foi que passou? Ninguém o sabe.
Desperto, e ouço bater o coração —
Aquele coração em que não cabe
O que fica da perda da ilusão.
Eu quem sou, que não sou meu coração?
24-9-1932
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).
- 100.