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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

0 pensamento é enterrado vivo

0 pensamento é enterrado vivo

No mundo e ali sufoca.

Sufoco em pensamento ao existir.

Oh, horror! Oh inferno verdadeiro

Passado no frio âmago desta alma

Que se encolhe e arrepia de pavor

Como querendo desaparecer

E é consciente sempre de ter vulto

Para o pavor tomar. Oh sumo horror

Que o universo (...)

Sufoco em alma! Suma-se-me a vida

E a consciência e eu deixe de pensar

De fitar o mistério e sem querer

Compreender-lhe o horror! Abra-me o sonho

Ou a loucura a tenebrosa porta

Que a treva é menos negra que esta luz.

O terror desvaria-me, o terror

De me sentir vivo e ter o mundo

Fechado a laços de compreensão

Na minha alma gelada de pavor.

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva . Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

 - 21.

1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos . Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.85).