O conceito de “quinto império” é antigo na profética cristã e pré-cristã,
O conceito de “quinto império” é antigo na profética cristã e pré-cristã, entendendo por “pré-cristã” a hebraica, isto é, a daquele povo que foi especialmente pré-cristão em ser, em grande parte, origem do mesmo cristianismo. No esquema profético, em que este conceito aparece, determina-se a existência de cinco impérios até àquilo a que simbolicamente os profetas chamam “o fim do mundo” — expressão esta que eles porventura sentem como sendo efectivamente o “fim do mundo”, mas que deve entender-se como significando o fim do que para eles é o “mundo”, isto é, o fim do conceito que têm do mundo, ou, esclarecendo melhor, o fim do ciclo psíquico — ordinariamente um ciclo religioso — a que pertencem e em que pensam. Convém notar bem este sentido profético da expressão, tantas vezes empregada, o “fim do mundo”, ou “o fim da coisas”. Usada por um cristão, serve ela instintivamente de designar o fim da religião cristã; como, porém, uma mentalidade religiosa não concebe, de instinto ou de inteligência, o fim da sua religião — que seria o fim da Verdade, o que é impensável —, o que aparece na sua visão profética como o fim dessa religião, imediatamente se lhe desenha no espírito como o fim do mesmo mundo, a dissolução das coisas, a morte do universo — a tal ponto, e tão naturalmente, confundimos o universo real com o nosso conceito dele. Quando, por isso, o católico Nostradamo profetiza para o fim do século vinte o “fim das coisas” entendemo-lo como prevendo para esse tempo, não o acabamento da terra, ou a extinção da matéria universal, mas tão-somente o fim ou da religião cristã, ou, pelo menos, da sua forma católica, se não for apenas o da forma romana do catolicismo. Tudo isto, aliás, adiante estudaremos e examinaremos com maior cuidado.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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