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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

O «Orpheu», revista trimestral de literatura…

O «Orpheu», revista trimestral de literatura, apareceu em Março de 1915; o segundo número apareceu em Junho d'esse ano, e foi o último. Do ruído que causou, das discussões que fez nascer e do êxito, de diversa ordem, que teve não há mister que falemos; porque, ainda que hajam passado dez anos sobre as datas d'aquelas publicações, todos o não-esqueceram ou o sabem. Como todos os inovadores, fomos objecto de largo escárnio e de extensa imitação. Não esperávamos, para falar verdade, nem uma coisa nem outra; dadas elas, não nos preocupou uma, nem a outra nos envaideceu. Conjuntas, explicariam nosso intuito a quem porventura o não conhecesse. O simples escárnio nada significa; o escárnio de uns, acompanhado da imitação de outros, designa a inovação.

Este «Orpheu» diferente, na índole como na periodicidade, com que voltamos à publicidade, significa, apesar de diferente, a continuação do mesmo intuito: o do antagonismo para com a estupidez, a rotina e a incultura. Fizémo-lo primeiro com o exemplo; agora o faremos com o preceito.

Não veio o antigo «Orpheu» afirmar que se podia escrever só estranhamente. Enganaram-se aqueles que nos atribuíram o intuito de afirmar que só assim se escrevia.

Estas páginas antagónicas prosseguirão (...)

1925?

Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.

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