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Poesia de Álvaro de Campos

  • ... Como, nos dias de grandes acontecimentos no centro da cidade,
  • 2ª Ode  - E eu era parte de toda a gente que partia.
  • A água de aqui é boa, não é?
  • A alma humana é porca como um ânus
  • A clareza falsa, rígida, não-lar dos hospitais
  • A coisa estranha e muda em todo o corpo,
  • A estrada inteiramente insubjectiva
  • A liberdade, sim, a liberdade!
  • A luz crua do estio prematuro
  • A música, sim a música...
  • A plácida face anónima de um morto.
  • A rapariga inglesa, uma loura, tão jovem, tão boa
  • A vida é para os inconscientes (Ó Lydia, Celimène, Daisy)
  • ACASO
  • Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
  • Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.
  • Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
  • Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
  • Ah as horas indecisas em que a minha vida parece de um outro...
  • Ah o som de abanar o ferro da engomadeira
  • Ah quem tivesse a força para desertar deveras!
  • Ah! Ser indiferente!
  • Ah, abram-me outra realidade!
  • Ah, como outrora era outra a que eu não tinha!
  • Ah, estranha vida a de bordo! Cada novo dia
  • Ah, no terrível silêncio do quarto
  • Ah, onde estou ou onde passo, ou onde não estou nem passo,
  • Ah, os primeiros minutos nos cafés de novas cidades!
  • Ah, perante esta única realidade, que é o mistério,
  • Ah, que extraordinário,
  • Ah, quem me dera ser desempregado!
  • Ah, sempre me contentou que a plebe se divertisse.
  • AH, UM SONETO...
  • Ai, Margarida,
  • Ali não havia electricidade.
  • Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
  • Aquela falsa e triste semelhança
  • Arre, que tanto é muito pouco!
  • Às vezes medito,
  • Às vezes tenho ideias felizes,
  • Através do ruído do café cheio de gente
  • Bem sei que tudo é natural
  • BICARBONATO DE SODA
  • CANÇÃO À INGLESA
  • CANÇÃO ABRUPTA
  • CARNAVAL [a]
  • CARNAVAL [b]
  • CARRY NATION
  • Cesário, que conseguiu
  • Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
  • Chove muito, chove excessivamente...
  • CLEARLY NON-CAMPOS!
  • Com as malas feitas e tudo a bordo
  • Com teu gesto pintado e exagerado
  • Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
  • Começo a conhecer-me. Não existo.
  • Contudo, contudo,
  • Cristãos, pagãos, [...], (...)
  • Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
  • CUL DE LAMPE
  • Dá-nos a Tua paz,
  • DACTILOGRAFIA
  • DE LA MUSIQUE
  • DEMOGORGON
  • Depois de não ter dormido,
  • Depois de quando deixei de pensar em depois
  • Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
  • Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
  • DIAGNÓSTICO
  • DILUENTE
  • DOBRADA À MODA DO PORTO
  • Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros,
  • Duas horas e meia da madrugada. Acordo e adormeço.
  • Durmo, remoto; sonho, diferente,
  • É Carnaval, e estão as ruas cheias
  • E deito um cigarro meio fumado fora
  • E eu que estou bêbado de toda a injustiça do mundo...
  • É inútil prolongar a conversa de todo este silêncio.
  • E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta,
  • E o som só dentro do relógio acentuado
  • Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos,
  • EPISÓDIOS
  • Esse é um génio, é o que é novo é (...)
  • Esta velha angústia,
  • Estou cansado da inteligência.
  • Estou cansado, é claro,
  • Estou cheio de tédio, de nada. Em cima da cama
  • Estou escrevendo sonetos regulares
  • Estou vazio como um poço seco
  • Eu cantarei,
  • Eu, eu mesmo...
  • Faróis distantes,
  • Faróis distantes,
  • Foi numa das minhas viagens...
  • Gostava de gostar de gostar.
  • Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
  • Há cortejos, pompas, discursos,
  • Há mais de meia-hora
  • Há tanto tempo que não sou capaz
  • Há tantos deuses!
  • Hoje que tudo me falta, como se fosse o chão,
  • I - Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
  • II - Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes cidades
  • INSÓNIA
  • Já sei: alguém disse a verdade.
  • LÀ-BAS, JE NE SAIS OÙ
  • Lentidão dos vapores pelo mar...
  • Lisboa com suas casas
  • MAGNIFICAT
  • MANIFESTO DE ÁLVARO DE CAMPOS
  • MARINETTI, ACADÉMICO
  • Mas eu não tenho problemas tenho só mistérios.
  • Mas eu, em cuja alma se reflectem
  • Mas mesmo assim, de repente mas de vagar, de vagar,
  • Mas não e só o cadáver
  • Mestre, meu mestre querido!
  • Meu cérebro fotográfico...
  • Meu coração, bandeira içada
  • Meu coração, mistério batido pelas lonas dos ventos...
  • Meu coração. o almirante errado
  • Meu pobre amigo, não tenho compaixão que te dar.
  • Minha imaginação é um Arco de Triunfo.
  • Na ampla sala de jantar das tias velhas
  • Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
  • Na noite terrível, substância natural de todas as noites,
  • NA ÚLTIMA PÁGINA DE UMA ANTOLOGIA NOVA
  • Na véspera de não partir nunca
  • Não estou pensando em nada
  • Não fales alto que isto aqui é vida —
  • Não se preocupem comigo: também tenho a verdade.
  • Não sei se os astros mandam neste mundo,
  • Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
  • Não tenho sinceridade nenhuma que te dar.
  • Não ter deveres, nem horas certas, nem realidades...
  • Não ter emoções, não ter desejos, não ter vontades,
  • Não! Só quero a liberdade!
  • Não, não é cansaço...
  • Não: devagar.
  • Nas minhas veias, por onde corre, numa lava de asco,
  • Nas praças vindouras — talvez as mesmas que as nossas —
  • NAVAL ODE
  • Névoas de todas as recordações juntas
  • No conflito escuro e besta
  • No fim de tudo dormir.
  • No lugar dos palácios desertos e em ruínas
  • No ocaso, sobre Lisboa, no tédio dos dias que passam,
  • NOCTURNO DE DIA
  • NOTAS SOBRE TAVIRA
  • Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça
  • NUVENS
  • O bêbado caía de bêbado
  • O BIBLIÓFILO
  • O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
  • O cão que veio do abismo
  • O Chiado sabe-me a açorda.
  • O conto antigo da Gata Borralheira,
  • O descalabro a ócio e estrelas...
  • O dia esta a intentar raiar. As estrelas cosmopolitas
  • O florir do encontro casual
  • O frio especial das manhãs de viagem,
  • O FUTURO
  • O horror sórdido do que, a sós consigo,
  • O horror sórdido do que, a sós consigo,
  • O horror sórdido do que, a sós consigo,
  • O horror sórdido do que, a sós consigo,
  • O melodioso sistema do Universo,
  • O mesmo Teucro duce et auspice Teucro
  • Ó meu amor! ó meu damasco, ó minha seda.
  • O que é haver ser, o que é haver seres, o que é haver coisas,
  • O que há em mim é sobretudo cansaço —
  • O sono que desce sobre mim,
  • O sorriso triste do ante-dia que começou
  • O soslaio do operário estúpido para o engenheiro doido —
  • O ter deveres, que prolixa coisa!
  • O tumulto concentrado da minha imaginação intelectual...
  • ODE MORTAL
  • Onde é que os mortos dormem? Dorme alguém
  • OPIÁRIO
  • OPIARY
  • Ora até que enfim..., perfeitamente...
  • Ora porra!
  • Os antigos invocavam as Musas.
  • OS EMIGRADOS
  • Os galos cantam e estou bebedíssimo.
  • Os mortos! Que prodigiosamente
  • OXFORD SHORES'
  • P-HÁ
  • PARAGEM. ZONA
  • PASSAGEM DAS HORAS OU WALT WHITMAN
  • Passo, na noite da rua suburbana,
  • PECADO ORIGINAL
  • Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada,
  • Perdi a esperança como uma carteira vazia...
  • POEMA DE CANÇÃO SOBRE A ESPERANÇA
  • POEMA EM LINHA RECTA
  • PSIQUETIPIA (OU PSICOTIPIA)
  • Puseram-me uma tampa —
  • Quando nos iremos, ah quando iremos de aqui?
  • Quando os povos da Dalmácia
  • Quase sem querer (se o soubéssemos!) os grandes homens saindo dos homens vulgares
  • Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito do agiota!
  • Que noite serena!
  • Que somos nós? Navios que passam um pelo outro na noite,
  • REALIDADE
  • REGRESSO AO LAR
  • RETICÊNCIAS
  • Saí do comboio,
  • São poucos os momentos de prazer na vida...
  • Saudação a todos quantos querem ser felizes:
  • Se nada houvesse para além da morte,
  • Se te queres matar, porque não te queres matar?
  • Sem impaciência.
  • Sim, é claro,
  • Sim, está tudo certo.
  • Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
  • Símbolos? Estou farto de símbolos...
  • Subiste à glória pela descida abaixo.
  • Sucata de alma vendida pelo peso do corpo,
  • Talvez não seja mais do que o meu sonho...
  • Tantos poemas contemporâneos!
  • Tão pouco heráldica a vida!
  • Tenho escrito mais versos que verdade.
  • Tenho uma grande constipação,
  • Toda a gente é interessante se a gente souber ver toda a gente
  • Todas as cartas de amor são
  • Todas as horas faço gaffes de civilidade e etiqueta,
  • TRAMWAY
  • Tudo se funde no movimento
  • Uma vontade física de comer o Universo
  • Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima,
  • Vendi-me de graça aos casuais do encontro.
  • Ver as coisas até ao fundo...
  • VIAGEM
  • VILEGIATURA
  • Vou atirar uma bomba ao destino.
  • «THE TIMES»