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Livro do Desassossego

  • ... e do alto da majestade de todos os sonhos, ajudante de guarda-livros...
  • ... e tudo é uma doença incurável.
  • ...e as algas como molhados cabelos empastando o rosto...
  • ...e um profundo e tediento desdém por todos quantos trabalham...
  • A alma humana é vítima tão inevitável da dor...
  • A arte é um esquivar-se a agir, ou a viver.
  • A arte livra-nos ilusoriamente da sordidez de sermos.
  • A crueldade da dor — gozar e sofrer,
  • A DIVINA INVEJA
  • A doçura de não ter família nem companhia,
  • A história negas as coisas certas.
  • A ideia de viajar seduz-me por translação,
  • A inacção consola de tudo.
  • A ladeira leva ao moinho, mas o esforço não leva a nada.
  • A leitura dos jornais, sempre penosado ponto de ver estético,
  • À leve embriaguez da febre ligeira,
  • A liberdade é a possibilidade do isolamento.
  • A literatura, que é a arte casada com o pensamento,
  • A loucura chamada afirmar, a doença chamada crer, a infâmia...
  • A maioria dos homens vive com espontaneidade uma vida fictícia...
  • A mais vil de todas as necessidades — a da confidência,
  • A metafísica pareceu-me sempre uma forma prolongada da loucura latente.
  • À minha incapacidade de viver chamariam génio,
  • A miséria da minha condição não é estorvada por estas palavras...
  • A noite invadia lentamente a minha inatenção.
  • A oportunidade é como o dinheiro,
  • A personagem individual e imponente, que os românticos...
  • A renúncia é a libertação. Não querer é poder.
  • A SOCIEDADE EM QUE EU VIVO
  • A tragédia principal da minha vida é, como todas as tragédias,
  • A única maneira de teres sensações novas...
  • A vida é para nós o que concebemos nela.
  • A vida prática sempre me pareceu o menos cómodo dos suicídios.
  • A vulgaridade é um lar. O quotidiano é materno.
  • Absurdemos a Vida, de leste a oeste.
  • ABSURDO
  • Acontece-me às vezes, e sempre que acontece é quase de repente,
  • Adoramos a perfeição, porque a não podemos ter;
  • Agi sempre para dentro... Nunca toquei na vida...
  • Agir é intervir. Um braço que se estende ocupa espaço...
  • Ah, compreendo! O patrão Vasques é a Vida.
  • Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho.
  • Amo, pelas tardes demoradas de Verão,
  • ANTEROS — O Amante Visual
  • APOTEOSE DO ABSURDO
  • Aprende a desligar as ideias de voluptuosidade e de prazer.
  • Aquela divina e ilustre timidez que é o guarda ...
  • Aquela malícia incerta e quase imponderável que alegra...
  • Aquilo que, creio, produz em mim o sentimento profundo,
  • As coisas modernas são...
  • As coisas nítidas confortam, e as coisas ao sol confortam.
  • As coisas sonhadas só têm o lado de cá...
  • As misérias de um homem que sente o tédio da vida...
  • As mulheres contemporâneas tais arranjos do seu porte...
  • Às vezes quando ergo a cabeça estonteada dos livros em que escrevo...
  • Às vezes, em sonhos distraídos, que me surgem das esquinas...
  • Às vezes, nos meus diálogos comigo, nas tardes requintadas...
  • Assim como, por amar a Pátria, não deixamos de amar nossa família,
  • Assim organizar a nossa vida que ela seja para os outros um mistério,
  • Assim soubesses tu compreender o teu dever…
  • Atinge o extremo doloroso em Omar Khayyam,
  • Átrio (só átrio) de todas as esperanças,
  • Aúnica atitude digna de um homem superior é o persistir...
  • Busco-me e não me encontro.
  • Cada vez que o meu propósito, se ergueu,
  • CALEIDOSCÓPIO
  • Cansamo-nos de tudo, excepto de compreender.
  • Cantava, em uma voz muito suave, uma canção de país longínquo.
  • CARTA
  • CARTA PARA NÃO MANDAR
  • CASCATA
  • CENOTÁFIO
  • Chove muito, mais, sempre mais...
  • Coisas de nada, naturais da vida, insignificâncias do usual…
  • Colaborar, ligar-se, agir com outros, é um impulso metafisicamente...
  • Com um charuto caro e os olhos fechados é ser rico.
  • Como Diógenes a Alexandre, só pedi à vida que me não tirasse o sol.
  • Como todo o indivíduo de grande mobilidade mental,
  • Como uma esperança negra, qualquer coisa de mais antecipador...
  • Comparados com os homens simples e autênticos,
  • CONSELHOS ÀS MAL-CASADAS [a]
  • CONSELHOS ÀS MAL-CASADAS [b]
  • Correm rios, rios eternos por baixo da janela do meu silêncio.
  • Criar dentro de mim um estado com uma política,
  • Criei para mim, fausto de um opróbio,
  • Criei-me eco e abismo, pensando.
  • Criemos a força calma.
  • Cultivo o ódio à acção como uma flor de estufa.
  • Custa-me um chumbo dos sentidos o mover-me...
  • Da minha abstenção de colaborar na existência do mundo exterior...
  • Dar a cada emoção uma personalidade,
  • De repente, como se um destino médico me houvesse operado…
  • De resto eu não sonho, eu não vivo, salvo a vida real.
  • DECLARAÇÃO DE DIFERENÇA
  • Depois que os últimos pingos de chuva começaram a tardar…
  • Desde o meio do século dezoito que uma doença terrível...
  • Desejaria construir um código de inércia para os superiores...
  • Detesto a leitura. Tenho um tédio antecipado das páginas desconhecidas.
  • Devaneio entre Cascais e Lisboa.
  • DIA DE CHUVA
  • DIÁRIO AO ACASO
  • DIÁRIO LÚCIDO
  • Do estudo da metafísica (...), passei a ocupações de espírito...
  • Do terraço deste café olho tremulamente para a vida.
  • Dobraram a curva do caminho e eram muitas raparigas.
  • Dois, três dias de semelhança de princípio de amor...
  • Duas vezes, naquela minha adolescência que sinto longínqua,
  • Durei horas incógnitas, momentos sucessivos sem relação,
  • É a última morte do capitão Nemo.
  • E assim como sonho, raciocino se quiser,
  • E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos...
  • E hoje, pensando no que tem sido a minha vida,
  • É legítima toda a violação da lei moral que é feita em obediência...
  • E nisto mesmo de que os considerar irreais há que demorar...
  • É nobre ser tímido, ilustre não saber agir,
  • E os diálogos nos jardins fantásticos que contornam...
  • e os lírios nas margens de rios remotos, frios e solenes,
  • E para ti, ó Morte, vá a nossa alma e a nossa crença,
  • É uma oleografia sem remédio.
  • EDUCAÇÃO SENTIMENTAL [?]
  • Em baixo, afastando-se do alto onde estou em desnivelamentos...
  • Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações...
  • Em mim o que há de primordial é o hábito e o jeito de sonhar.
  • Em toda a filosofia humana, em toda a ciência há sempre...
  • Em todos os lugares da vida, em todas as situações e convivências,
  • ENCOLHER DE OMBROS
  • Encontrar a personalidade na perda dela...
  • Enrolar o mundo à volta dos nossos dedos,
  • Entre a vida teórica e a vida prática há um abismo,
  • Ergo-me da cadeira com um esforço monstruoso,
  • Escravo do temperamento como das circunstâncias,
  • Escrever é esquecer.
  • Escrevo num domingo, manhã alta, num dia amplo da luz suave,
  • Escuto-me sonhar.
  • Esse lugar activo de sensações, a minha alma,
  • Estátuas (...) alheias pelo sonho ao natural da humanidade...
  • ESTÉTICA DA ABDICAÇÃO
  • ESTÉTICA DA GUERRA
  • ESTÉTICA DA INDIFERENÇA
  • ESTÉTICA DO ARTIFÍCIO
  • ESTÉTICA DO DESALENTO
  • Eu não possuo o meu corpo como posso eu possuir com ele?
  • Eu não saberia nunca como ajeitar a minha alma a levar o meu corpo...
  • Eu não sonho possuir-te. Para quê?
  • Eu nunca fiz senão sonhar.
  • Eu quereria achar a música íntima e recôndita das fontes,
  • EXAME DE CONSCIÊNCIA
  • Falar é ter demasiada consideração pelos outros.
  • Falo abismos... Alastro-me em sonhar desmedido,
  • Farei do sonhar-te o ser forte, e a minha pena quando fale a tua Beleza,
  • Fazer uma obra e reconhecê-la má depois de feita...
  • Ficções do interlúdio, cobrindo coloridamente o marasmo...
  • Figuras hieráticas de hierarquias ignotas se alinham nos corredores...
  • FLORESTA
  • FRAGMENTOS DE UMA AUTOBIOGRAFIA
  • GLORIFICAÇÃO DAS ESTÉREIS
  • Gosto de dizer.
  • Grande homem é o que impõe aos outros o seu próprio sonho,
  • Há criaturas que sofrem realmente por não poder ter vivido na vida real...
  • Há momentos em que tudo cansa, até o que nos repousaria.
  • Há sensações que são sonos, que ocupam como uma névoa...
  • Há um cansaço da inteligência abstracta e é o mais horroroso dos cansaços.
  • Há um grande cansaço na alma do meu coração.
  • Há um sono da atenção voluntária, que não sei explicar,
  • Há uma erudição do conhecimento que é propriamente...
  • Haja ou não deuses, deles somos servos.
  • HINO
  • Hoje, em um dos devaneios sem propósito nem dignidade...
  • Horas pálios submersos, meras roupas de pompa morta...
  • Horas pálios submersos, meras roupas de pompa morta...
  • Houve tempo em que irritavam aquelas coisas que hoje me fazem sorrir.
  • I — Tu não existes, eu bem sei, mas sei eu ao certo se existo?
  • INTERVALO DOLOROSO [a]
  • INTERVALO DOLOROSO [b]
  • INTERVALO DOLOROSO [c]
  • INTERVALO DOLOROSO [d]
  • INTERVALO [b]
  • INTERVALO [b]
  • INTERVALO [c]
  • INTERVALO [d]
  • Invejo a todas as pessoas o não serem eu.
  • Invejo — mas não sei se invejo — aqueles de quem se pode escrever...
  • Irrita-me a felicidade de todos estes homens que não sabem que são infelizes.
  • Junta as mãos, põe-as entre as minhas e escuta-me, ó meu amor.
  • LAGOA DA POSSE [a]
  • LAGOA DA POSSE [b]
  • LENDA IMPERIAL
  • Leve eu ao menos, para o imenso possível do abismo de tudo,
  • LITANIA
  • Mais que uma vez, ao passear lentamente pelas ruas da tarde,
  • Mais «pensamentos».
  • MANEIRA DE BEM SONHAR
  • MANEIRA DE BEM SONHAR
  • MARCHA FÚNEBRE PARA O REI LUÍS SEGUNDO DA BAVIERA
  • Mas a exclusão, que me impus, dos fins e dos movimentos da vida;
  • MÁXIMAS
  • Meditei hoje, num intervalo de sentir, na forma de prosa de que uso.
  • Mesmo que eu quisesse criar,
  • MILÍMETROS (SENSAÇÕES DE COISAS MÍNIMAS)
  • Minha alma é uma orquestra oculta;
  • Muitas vezes para me entreter...
  • MUITO LONGE
  • NA FLORESTA DO ALHEAMENTO
  • Na minha alma ignóbil e profunda registo, dia-a-dia,
  • Não compreendo senão como uma espécie de falta de asseio...
  • Não conheço prazer como o dos livros, e pouco leio.
  • Não crendo em nada com firmeza,
  • Não fizeram, Senhor, as vossas naus viagem mais primeira
  • Não me encontro um sentido... A vida pesa...
  • Não me indigno porque a indignação é para os fortes;
  • Não o amor, mas os arredores é que vale a pena...
  • Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade,
  • Não são as paredes do meu quarto vulgar,
  • Não sei que diga. Pertenço à raça dos navegadores...
  • Não sei que vaga carícia, tanto mais branda quanto não é carícia,
  • Nas antemanhãs longínquas o sangue dos dragões da perda,
  • Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido...
  • Nenhum prémio certo tem a virtude,
  • Nenhum problema tem solução.
  • Nenhuma época transmite a outra a sua sensibilidade;
  • Nenhuma ideia brilhante consegue entrar em circulação...
  • Nesta era metálica dos bárbaros só um culto metodicamente excessivo...
  • No alto ermo dos montes naturais, quando chegamos,
  • No recôncavo da praia à beira-mar, entre as selvas e as várzeas...
  • Nos mais (...) momentos do meu tédio,
  • Nós não podemos amar, filho.
  • Nos primeiros dias do outono subitamente entrado,
  • NOTAS PARA UMA REGRA DE VIDA
  • Nunca deixo saber aos meus sentimentos o que lhes vou fazer sentir...
  • O AMANTE VISUAL
  • O ambienteé a alma das coisas.
  • O aristocrata é o homem que é coerente consigo próprio...
  • O aristocrata é o homem que é coerente consigo próprio...
  • O campo é onde não estamos.
  • O cansaço de todas as ilusões e de tudo o que há nas ilusões...
  • O céu de estio prolongado todos os dias despertava de azul verde baço,
  • O céu negro ao fundo do sul doTejo era sinistramente negro...
  • O Cristo é uma forma da emoção.
  • O curioso facto de que todos os grandes construtivos...
  • O desgosto de não encontrar nada encontro comigo pouco a pouco.
  • O dinheiro é belo, porque é uma libertação.
  • O entusiasmo é uma grosseria.
  • O gládio de um relâmpago frouxo volteou sombriamente no quarto largo.
  • O gosto varia com as épocas;
  • O governo do mundo começa em nós mesmos.
  • O homem magro sorriu desleixadamente.
  • O homem não deve poder ver a sua própria cara.
  • O homem perfeito do pagão era a perfeição do homem que há;
  • O homem vale aquilo de que se é semelhante.
  • O homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida,
  • O instinto infante da humanidade que faz que o mais orgulhoso de nós...
  • O isolamento talhou-me à sua imagem e semelhança.
  • O lema que hoje mais requeiro para definição do meu espírito...
  • O MAJOR
  • O meu hábito vital de descrença em tudo,
  • O meu orgulho lapidado por cegos e a minha desilusão...
  • O moço que atava os embrulhos de todos os dias no frio crepuscular…
  • Ó noite onde as estrelas mentem luz, ó noite,
  • O patrão Vasques. Tenho, muitas vezes, inexplicavelmente,
  • O pensamento pode ter elevação sem ter elegância,
  • O povo é bom tipo.
  • O próprio escrever perdeu a doçura para mim.
  • O próprio sonho me castiga.
  • O relógio que está para trás, na casa deserta,
  • O RIO DA POSSE
  • O SENSACIONISTA
  • O sentimento apocalíptico da vida.
  • O silêncio que sai do som da chuva espalha-se,
  • O sócio capitalista aqui da firma, sempre doente em parte incerta,
  • O ter tocado nos pés de Cristo não é desculpa para defeitos de pontuação.
  • O vento levantou-se... Primeiro era como a voz de um vácuo...
  • O verdadeiro sábio é aquele que assim se dispõe...
  • OMAR KHAYYAM [a]
  • OMAR KHAYYAM [c]
  • OMAR KHAYYAM [c]
  • OMAR KHAYYAM [d]
  • OMAR [KHAYYAM] [b]
  • Onde está Deus, mesmo que não exista?
  • Os crepúsculos nas cidades antigas, com tradições desconhecidas...
  • Os sonhos são como a tradução para uma língua de coisas...
  • Os teus colares de pérolas fingidas amaram comigo...
  • Ouro de mim, sonhei-me em poeira, e o vento da realidade,
  • Outra coisa que ofusca a visão possível dos factos fundamentais...
  • Outra vez encontrei um trecho meu, escrito em francês,
  • Ouvia-me lendo os meus versos — que nesse dia lia,
  • PACIÊNCIAS
  • PAISAGEM DA CHUVA
  • PAISAGEM DE CHUVA
  • Paisagens inúteis como aquelas que dão a volta às chávenas chinesas,
  • Para cada filósofo, Deus é da sua opinião.
  • Para compreender, destruí-me.
  • Para mim, se considero, pestes, tormentas, guerras são produtos...
  • Para o sonhador integral a natureza é apenas o sonho...
  • Para sentir a delícia e o terror da velocidade...
  • Partir da Rua dos Douradoures para o Impossível...
  • Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa.
  • Passávamos, jovens ainda, sob as árvores altas...
  • Passo horas, às vezes no Terreiro do Paço, à beira do rio,
  • PASTORAL DE PEDRO
  • Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou.
  • Pensar, ainda assim, é agir.
  • Pensaste já, ó Outra, quão invisíveis somos uns para os outros?
  • Penso às vezes com agrado (em bissecção) na possibilidade futura...
  • Penso às vezes que nunca sairei à Rua dos Douradores.
  • Perder tempo comporta uma estética.
  • PERISTILO
  • Pertenço a uma geração que herdou a descrença na fé cristã...
  • Pobres diabos sempre com fome — ou com fome de almoço,
  • Poentes de [...] e ritual feito, acontecidos, sem querer,
  • Por fácil que seja, todo o gesto representa a violação...
  • Por mais que pertença, por alma, à linhagem dos românticos,
  • Prefácio - Quando numa noite de tempestade a que o dia se segue,
  • PREFÁCIO [a]
  • PREFÁCIO [b]
  • PREFÁCIO [c]
  • PREFÁCIO [d]
  • Prefiro a prosa ao verso
  • Pretende-se aqui dar, por sugestão, a ideia de um luar...
  • Primeiro é um som que faz um outro som,
  • Prouvera aos deuses, meu coração triste, que o Destino tivesse um sentido!
  • Publicar-se — socialização de si próprio.
  • Quando discuto a existência das coisas separo a consciência e a existência;
  • Quando me encontrei vi-me guardado.
  • Quando nasceu a geração, a que pertenço, encontrou o mundo...
  • Quantas coisas que temos por certas e justas,
  • Quantas vezes, presa da superfície e do bruxedo, me sinto homem.
  • Quanto mais avançamos na vida, mais nos convencemos de duas verdades...
  • Quanto mais contemplo o espectáculo do mundo,
  • Que me pesa que ninguém leia o que escrevo?
  • Que milagre nos salvará da sinistra mania de ter razão?
  • Que rainha imperiosa guarda ao pé dos seus lagos a memória...
  • Quedar-nos-emos indiferentes à verdade ou mentira...
  • Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha.
  • Quero que a leitura deste livro vos deixe a impressão…
  • Raciocino (...) — tudo será fácil...
  • Reagir é agir contra quem age.
  • Reconhecer a realidade como uma forma de ilusão,
  • Reconheço hoje que falhei,
  • Reconheço, não sei se com tristeza, a secura humana do meu coração.
  • Reduzir a sensação a uma ciência,
  • Releio lúcido, demoradamente, trecho a trecho, tudo quanto tenho escrito.
  • Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração...
  • Releio, em uma destas sonolências sem sono,
  • Remoinhos, redemoinhos, na futilidade fluida da vida!
  • RENÉ CÉPTICO
  • Reparando, às vezes, no trabalho literário abundante ou, pelo menos,
  • Repudiei sempre que me compreendessem.
  • Sabendo como as coisas mais pequenas têm com facilidade...
  • São cetins prolixos, púrpuras perplexas e os impérios seguiram...
  • São horas talvez de eu fazer o único esforço de eu olhar...
  • São sempre cataclismos do cosmos as grandes angústias da nossa alma.
  • São tão inferiores as criaturas que se dedicam a um ideal!
  • Se a nossa vida fosse um eterno estar-à-janela,
  • Se algum dia me suceder que, com uma vida firmemente segura,
  • Se do que comes, dissesses, «eu possuo isto» eu compreendia-te.
  • Se eu tivesse escrito o Rei Lear, levaria com remorsos...
  • Se houvesse na arte o mister de aperfeiçoador,
  • Sempre me te preocupado, naquelas horas ocasionais...
  • Sempre neste mundo haverá a luta, sem decisão nem vitória,
  • Sempre que podem, sentam-se defronte do espelho.
  • Sensações nascem analisadas.
  • Senti-me inquieto já. De repente, o silêncio deixara de respirar.
  • SENTIMENTO APOCALÍPTICO
  • Sentir é criar.
  • Ser major reformado parece-me uma coisa ideal.
  • Sinto o tempo com uma dor enorme.
  • Sinto-me às vezes tocado, não sei porquê, de um prenúncio de morte...
  • Só consideramos a vida como imperfeita por comparação com ela mesma.
  • Só quem nunca pensou chegou alguma vez a uma conclusão.
  • SONHO TRIANGULAR
  • SONHO TRIANGULAR
  • Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam,
  • Sou mais velho que o Tempo e que o Espaço porque sou consciente.
  • Sou um homem para quem o mundo exterior é uma realidade interior.
  • Sou uma roseira, sou um roseiral com rosas brancas,
  • Súbdito incoerente de todas as sensações que ferem...
  • Surge dos lados do oriente a luz loura do luar de ouro.
  • Tendo visto com que lucidez e coerência lógica certos loucos...
  • Tenho a náusea física da humanidade vulgar,
  • Tenho as opiniões mais desencontradas,
  • Tenho construído em passeio frases perfeitas de que depois...
  • Tenho diante de mim as duas páginas grandes do livro pesado;
  • Tenho por intuição que para as criaturas como eu...
  • Tenho que escolher o que detesto...
  • Teorias metafísicas que possam dar-nos um momento de ilusão...
  • Tive um certo talento para a amizade, mas nunca tive amigos,
  • Toda a alma digna de si própria deseja viver a vida em Extremo.
  • Toda a vida da alma humana é um movimento na penumbra.
  • Todo esforço, qualquer que seja o fim para que tenda,
  • Todo o homem de hoje, em quem a estatura moral...
  • Todos os dias acontecem no mundo coisas que não são explicáveis...
  • Tornar puramente literária a receptividade dos sentidos,
  • TRECHO
  • Três dias seguidos de calor sem calma, tempestade latente...
  • TROVOADA
  • Tudo ali é quebrado, anónimo e impertinente.
  • Tudo é encontrar qualquer coisa.
  • Tudo quanto é acção, seja a guerra ou o raciocínio é falso;
  • Tudo quanto não é a minha alma é para mim,
  • Tudo se me evapora. A minha vida inteira, as minhas recordações…
  • Tudo se me tornou insuportável, excepto a vida…
  • Tudo se penetra
  • Um azul esbranquiçado de verde nocturno punha em recorte...
  • UM DIA (ZIG-ZAG)
  • Um hálito de música ou de sonho,
  • Um outro tédio, mas o mesmo, mais baço,
  • Um quietismo estético da vida, pelo qual consigamos...
  • UMA CARTA
  • Uma das grandes tragédias da minha vida...
  • Uma interpretação irónica da vida, uma aceitação indiferente das coisas,
  • Uma pedra é mais interessante que um operário.
  • Uma só coisa me maravilha mais do que a estupidez...
  • Uma tristeza de crepúsculo, feita de cansaços e de renúncias falsas,
  • Uma vista breve de campo, por cima de um muro dos arredores,
  • Vejo as paisagens sonhadas com a mesma clareza com que fito as reais.
  • Vi e ouvi ontem um grande homem.
  • VIA LÁCTEA
  • VIAGEM NUNCA FEITA [a]
  • VIAGEM NUNCA FEITA [b]
  • Viajar? Para viajar basta existir.
  • Visto que talvez nem tudo seja falso, que nada, ó meu amor,
  • Viver do sonho e para o sonho, desmanchando o Universo...
  • Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente...
  • Viver uma vida desapaixonada e culta, ao relento das ideias,
  • Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço.
  • «Quero-te só para sonho», dizem à mulher amada, em versos...
  • «Sentir é uma maçada».
  • — A única vantagem de estudar é gozar o quanto os outros não disseram.
  • — Naufrágios? Não, nunca tive nenhum.
  • … a acuidade dolorosa das minhas sensações,
  • … e os crisântemos adoecem a sua vida lassa em jardins...
  • … O pasmo que me causa a minha capacidade para a angústia.
  • …a hiperacuidade não sei se das sensações, se da só expressão delas,